A juventude e os supositórios

Eu respeito a juventude. Até porque ainda me sinto jovem e sou jovem. E respeito quando uma pessoa de 16 anos manda vir com o facto de não ter bateria no telemóvel. Porque é essa a realidade que ela vive, é com esse tipo de problema com que ela se depara. E, por isso, entendo que isso a chateie. 

Mas os problemas hoje em dia estão cada vez mais softs. Problema a sério era estar doente. Não necessariamente porque nos doía o corpo ou tínhamos febre. MAS PORQUE AS NOSSAS MÃES NOS METIAM SUPOSITÓRIOS PELO CU ACIMA.

Eu nunca menti tão bem como quando estava a morrer e a minha mãe me perguntava se eu podia ir à escola. Eu fazia um ar tão, mas tão feliz, que dizia que estava óptimo para levar com Matemática àjoito da manhã. Contas? Isso é na peida. AGORA SUPOSITÓRIOS? Por amor de Deus, na peida é que não.

As únicas pessoas que deviam gostar de supositórios eram as pessoas que, na altura ou mais tarde, gostam de meter coisas no cú. Não tenho nada contra, cada um faz o que quer. E para quem gosta disso, os supositórios, pequenos, coloridos e com formas variadas, devem ser tipo gomas. São como docinhos que, em vez de se comerem, se metem no cú. Para quem gosta, deve ser um mimo. Até os devem escolher e comprar em saquinhos de plástico. Mas para quem não gosta, é como aquelas gomas azedas.

Quando alguém dá alguma coisa que não serve para nada a uma pessoa e ela diz: “Epá, mete isso no cú!”, eu começo logo a medir a febre. Epá, ficar doente não... é um trauma que nos acompanha para o resto da vida. É tipo Casa Pia. Mas esses assustam-se quando ouvem um relógio de cuco: “Cúcú!”. Ou quando toca o despertador: “Bibi! Bibi!”

Isso e aqueles xaropes que sabiam a vómito de rato, em que tínhamos de tapar o nariz para não mandar um pandego para cima dos nossos pais. Aquela merda sabia tão mal e tinha uma cor tão estranha que, mais tarde, quando começámos a vomitar bílis em bebedeiras de meia-noite, olhávamos para aquilo no chão e ficávamos com recalcamentos. Aliás, por isso é que quando vomitamos bílis, não paramos mais. Vem-nos à cabeça aquela cor e aquele cheiro e continuamos. É um ciclo vicioso.

Pessoal de 16 anos: nem sabem do que se livraram com o avanço da medicina. Se as vossas mães vierem com a história dos supositórios, agrafem as bordas do cú. Ou preguem-nas mesmo com pregos. Cristo fê-lo nas mãos e nos pés com sacrifício por nós e pelos nossos pecados. Agora é altura de retribuir isso. Sacrifiquem-se pelos  pecados dos farmacêuticos malvados que inventaram a merda do supositório.

Comments

Popular posts from this blog