A Marta

Quando me despedi, em Janeiro de 2018, para me poder dedicar a tempo inteiro à comédia, senti o apoio de imensas pessoas. De forma mais ou menos intensa, porque me dou, naturalmente, mais com algumas pessoas do que com outras, todos me ajudaram a crescer enquanto artista, comediante mas, acima de tudo, enquanto homem. A nível humanístico, agradeci e vou sempre agradecer o apoio que recebi.

E esse apoio veio através de força e através de crítica, factor que assume contornos mesmo essenciais para estar sempre a crescer. Assim como gosto de agradecer muito as palavras de força e motivação, também aprecio essas vozes críticas. Se melhoro com elas, empenho-me mais. Se me empenho mais, evoluo. Se evoluo, cresço. 

De entre as pessoas mais importantes para a minha vida, claro que tenho que mencionar a minha namorada, Marta. Foi e é, sem dúvida, dos suportes mais fortes.

A Marta tem sido impagável. Impagável mesmo. Porque ninguém pagava nada por ela.Raios partam a miúda.

A Marta é a pessoa mais irónica na minha vida. Quer dizer, é a minha namorada e, supostamente, a pessoa que me devia apoiar mais, e é a maior contradição da minha vida. Ela está a estudar para ser psicóloga. Ou seja, é mesmo uma indirecta para: “Tomé, estou a aprender a lidar contigo.”

E depois é desagradável. Está sempre a dizer: “Ah tu vais ser a minha tese! Tu vais ser a minha tese!” Ah eu sou a tese dela? Eu devia ser a tusa dela, não a tese dela!

Mas eu até percebo, afinal de contas quando eu e a Marta pinamos é isso mesmo que acontece, pareço um aluno que está a defender a sua tese: estou sempre nervoso, não sei o que fazer com o que tenho nas mãos e invento para lá merdas que depois não satisfazem.

E depois leva a mal as minhas brincadeiras, quando sabe que eu sou comediante. Quer dizer, um gajo já nem pode acordá-la para dizer piadas, cuspir-lhe jola para cima ou até mesmo fazer beliscões até ela ficar com negras. Eu estou a marcá-la, valha-me Deus. Será que ela não percebe? 

Isso até é um elogio, na medida em que estou a chamá-la bonita indirectamente, sentindo-me então na necessidade de marcar território.

E ainda dizem que ela é que é a santa da relação. Eu sou o incompreendido. Eu sofro de bullying. Ela devia ser mais tolerante. Mas é bom que não me acorde.

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